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Capítulo 11 de
« BILAN »: CONTRA-REVOLUÇÃO NA ESPANHA
Jean Barrot
Detalhes da
Publicação
Estes
textos serviram como introdução para uma coleção de artigos -
publicados em 1930 pelo jornal Bilan, da esquerda comunista italiana - «
Bilan » Contre-Révolution en Espagne, editados por 10/18, em Paris, no
ano de 1979. O
autor, Gilles Dauvé, escreveu-os sob o pseudônimo de Jean Barrot. Os dez
primeiros capítulos foram traduzidos para o inglês e publicados como Fascism/Antifascism,
no Canadá em 1982. Essa tradução se tornou mais conhecida do que o
original francês, embora omitisse a segunda metade do artigo (capítulos
11 a 24), tornando imcompreensível o propósito do autor.
Em 1998, uma carta de Dauvé permitiu completar o texto.
No mesmo ano, Dauvé retomou essas idéias no artigo “Quand
Meurent les Insurrections...”. Uma
versão em inglês pode ser encontrada no site Antagonism. |
No debate sobre a Espanha, "Bilan" enfrentou
dois tipos de adversários. Uns, no
interior do movimento revolucionário, apesar de várias limitações, em certos
pontos tinham uma visão mais correta do que "Bilan".
Outros se situavam no que se chamava centrismo.
Este termo deve ser explicado. Nos
anos trinta, a esquerda italiana, assim como Trotsky, designava com o termo
"centrismo" os P.C.’s, considerando que Stalin representaria uma
linha conciliadora entre a esquerda (Trotsky) e a direita (Bukarin) na política
interna e externa. Esta idéia
participava da recusa trotskista (que durante muito tempo foi também de Bordiga[1]) de se pronunciar sobre a natureza
capitalista da Rússia, assim como sobre sua orientação: a linha staliniana
seria um compromisso entre a burguesia e o proletariado na Rússia, e entre o
capital mundial e a defesa das “conquistas de Outubro” no plano
internacional. Disso decorria sua incapacidade de compreender a função dos
P.C.’s, que julgavam sobretudo “oportunistas”.
De fato, o termo “centrismo” era de uso freqüente
entre os revolucionários, depois de 1914, para designar o centro zimmerwaldiano
(que, como os espartaquistas, queria lutar contra a guerra, mas rejeitava o
derrotismo revolucionário), e depois aqueles que se separavam da Segunda
Internacional sem aderir ao comunismo. Para a esquerda alemã, centrista era a
maioria da Terceira Internacional que recomendava o parlamentarismo, o
sindicalismo, os partidos “de massa” etc. O P.C. da Itália (e depois a
esquerda italiana) ainda permanecerá na Terceira Internacional e terá uma posição
diferente, pelo menos até a vitória de Stálin no P.C. russo (1926).
A partir do final dos anos vinte, uma série de cisões
sacudiu os partidos socialistas e stalinistas. Eles atuavam sob um ponto de
vista tático (sinal da incapacidade dos partidos socialistas e comunistas de
resistir ao fascismo), sem visão global. Agiam como se a linha fosse falsa,
quando era a própria organização que se tornava contra-revolucionária.
E mesmo quando a organização adotava uma política suicida (como na
Alemanha), não era uma aberração. Os
grupos ou partidos saídos dessas cisões compartilhavam o horizonte teórico e
político da época. Atualmente, o
“centrismo” seria representado por todas as formas de esquerdismo, ou
seja, de fixação de revoltas e movimentos confusos sobre pontos parciais,
inofensivos para o capital. Com
freqüência, os grupos centristas se incumbem das reivindicações reformistas
abandonadas ou até combatidas pelas organizações sindicais e políticas
oficiais.
Centrismo é tudo que rompe com o “movimento operário”
integrado sem evoluir para posições revolucionárias, pára no meio do caminho
e contribui para desviar os proletários na tentativa de fazer pressão sobre o
movimento operário considerado, apesar de tudo, como a verdadeira organização
da “classe”. Tratar os P.C.’s
como centristas e traidores, à maneira de “Bilan”, é iludir-se.
Em sentido estrito, o “centrismo” espanhol era constituído pelo
P.O.U.M. e pela esquerda da C.N.T.
Nota: